Aventura

Um Mundo no Guarda Roupas

Historinha Um Mundo no Guarda Roupas

Sofia odiava arrumar seu quarto. Principalmente o guarda-roupa, um monstro de madeira escura que parecia engolir meias perdidas, bonecas esquecidas e um mundo de poeira. Para Sofia, o guarda-roupa era um lugar chato e sem graça, o oposto da sua imaginação fértil.

Uma tarde chuvosa, enquanto resmungava sobre a tarefa de organizar o temido móvel, Sofia tropeçou em uma caixa de botões da sua avó. Eram botões de todas as cores e tamanhos, alguns brilhantes como joias, outros com desenhos intrincados. Distraída, Sofia começou a brincar com eles, imaginando histórias para cada um.

De repente, um botão azul celeste rolou para debaixo do guarda-roupa. Sofia se abaixou para pegá-lo, enfiando a mão no espaço escuro. Seus dedos tocaram algo macio e peludo, diferente do chão frio de madeira. Curiosa, ela se esticou mais, até que… PLUM!

Sofia caiu para frente, dentro do guarda-roupa. Mas não caiu no chão cheio de poeira que esperava. Em vez disso, aterrissou suavemente em um campo de grama alta e colorida. Acima, um sol alaranjado brilhava em um céu verde esmeralda.

“Onde estou?”, murmurou Sofia, atordoada.

Olhando ao redor, Sofia percebeu que não estava mais em seu quarto. Estava em um mundo totalmente diferente. Árvores com folhas de algodão doce se estendiam até o céu, rios de chocolate quente serpenteavam pela paisagem e pequenas criaturas peludas com asas de borboleta voavam ao redor.

“Bem-vinda a Botonópolis!”, disse uma voz aguda.

Sofia se virou e viu um pequeno homem feito inteiramente de botões. Ele tinha um chapéu de dedal e sapatos de carretel de linha.

“Eu sou o Lorde Botão, o governante deste reino. E você, minha querida, é a Escolhida”, disse ele com um sorriso brilhante.

Sofia, ainda incrédula, perguntou o que queria dizer com “a Escolhida”. Lorde Botão explicou que Botonópolis estava em perigo. A Rainha Agulha, uma tirana cruel e pontiaguda, estava roubando a cor e a alegria do reino, transformando tudo em um mundo cinzento e sem vida.

Segundo uma antiga profecia, apenas uma criança de outro mundo, com um coração puro e uma imaginação poderosa, poderia derrotar a Rainha Agulha e restaurar a alegria de Botonópolis. E essa criança era Sofia.

Apesar do medo, Sofia sentiu um chamado no coração. Ela sempre amou histórias e aventuras, e essa era a chance de viver uma de verdade. “Eu vou ajudar!”, disse ela com determinação.

Lorde Botão sorriu e a apresentou aos seus companheiros: Rosquinha, um coelho de pelúcia gigante e gentil; Fagulha, uma fada travessa que brilhava como um raio; e Zíper, um esquilo esperto que podia se esconder em qualquer lugar.

Juntos, eles embarcaram em uma jornada perigosa para o castelo da Rainha Agulha. Enfrentaram florestas de tesouras afiadas, rios de alfinetes pontudos e montanhas de novelos de lã emaranhados.

Em cada obstáculo, Sofia usava sua inteligência e criatividade para encontrar soluções. Ela convenceu as tesouras a cortar o cabelo comprido de Rosquinha para ajudar os habitantes do reino, transformou os alfinetes em pequenas espadas para se proteger e usou os novelos de lã para construir pontes e escaladas.

A cada desafio superado, Sofia se tornava mais corajosa e confiante. Ela percebeu que sua imaginação não era apenas uma forma de escapar da realidade, mas uma ferramenta poderosa para resolver problemas e ajudar os outros.

Finalmente, chegaram ao castelo da Rainha Agulha, um lugar frio e sombrio feito de linhas e tecidos descoloridos. A Rainha Agulha, uma figura imponente com um vestido feito de retalhos escuros e uma agulha afiada na mão, os esperava no trono.

“Vocês não têm chance contra mim!”, gritou a Rainha Agulha. “Eu vou acabar com a alegria deste reino e transformá-lo em um lugar triste e sem cor como eu!”

A batalha começou. A Rainha Agulha lançava feitiços de tristeza e escuridão, mas Sofia, com a ajuda de seus amigos, lutava com coragem e determinação.

No momento crucial, Sofia percebeu que a Rainha Agulha era infeliz porque nunca havia aprendido a amar e a se divertir. Então, Sofia fez algo inesperado: ofereceu à Rainha Agulha um de seus botões coloridos.

“Este botão me lembra da minha avó”, disse Sofia. “Ela sempre me ensinou a encontrar alegria nas coisas simples e a usar a criatividade para transformar o mundo ao meu redor.”

A Rainha Agulha hesitou, olhando para o botão com curiosidade. Pela primeira vez em muito tempo, um sorriso tímido apareceu em seu rosto. Ela pegou o botão e o costurou em seu vestido, que instantaneamente ganhou um toque de cor.

Aos poucos, a tristeza e a escuridão que a envolviam começaram a desaparecer. A Rainha Agulha percebeu que a alegria não estava em controlar e dominar, mas em compartilhar e criar.

Com o coração transformado, a Rainha Agulha usou seus poderes para restaurar a cor e a alegria de Botonópolis. As árvores de algodão doce voltaram a florescer, os rios de chocolate quente voltaram a borbulhar e as pequenas criaturas peludas voltaram a voar livremente.

Botonópolis estava salva! Sofia havia cumprido a profecia e se tornado uma verdadeira heroína.

Com o coração cheio de alegria, Sofia se despediu de seus amigos e prometeu nunca se esquecer deles. Lorde Botão a guiou de volta ao guarda-roupa, onde ela se viu de volta em seu quarto, segurando o botão azul celeste.

O quarto parecia diferente agora. As cores pareciam mais vibrantes, a luz mais brilhante. Sofia olhou para o guarda-roupa, não mais com desgosto, mas com curiosidade e gratidão.

A partir daquele dia, Sofia nunca mais odiou arrumar seu quarto. Ela sabia que, atrás da porta do guarda-roupa, existia um mundo mágico esperando para ser explorado. E, com sua imaginação e coragem, ela estava pronta para qualquer aventura.

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historinha

Criador de historia infantil, adoro criar historinhas e também sou uma amante da literatura.

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