Lico era um cachorrinho travesso, com pelos cor de caramelo e um rabinho que não parava de abanar. Ele vivia numa casa grande e aconchegante, com uma família que o amava muito: a mamãe Sofia, o papai Pedro e a pequena Ana, sua melhor amiga. Lico adorava brincar de pegar a bolinha no parque, correr atrás dos passarinhos no jardim e receber carinhos na barriga.
Mas Lico tinha um probleminha: ele às vezes contava mentiras. Não eram mentiras maldosas, mas pequenas invenções que ele usava para se livrar de enrascadas ou para chamar a atenção.
Um dia, a mamãe Sofia preparou um delicioso bolo de chocolate para o lanche da tarde. Lico estava faminto e, aproveitando que ninguém estava por perto, abocanhou um pedaço generoso do bolo. Quando a mamãe Sofia perguntou quem havia comido o bolo, Lico, com os olhos arregalados, apontou para o gato Mingau, que dormia tranquilamente no sofá.
“Foi o Mingau, mamãe! Eu vi ele pulando na mesa e comendo o bolo!”, mentiu Lico, com a voz tremendo um pouco.
A mamãe Sofia olhou desconfiada para Mingau, mas acabou acreditando em Lico. Ela repreendeu o gato, que apenas ronronou em resposta, sem entender nada. Lico se sentiu culpado por ter mentido, mas ao mesmo tempo se alegrou por ter escapado da bronca.
No dia seguinte, a pequena Ana estava brincando com seus bonecos no jardim. Lico, querendo participar da brincadeira, pegou um dos bonecos e começou a mordê-lo. Ana ficou furiosa e tentou pegar o boneco de volta, mas Lico correu para dentro de casa, escondendo o boneco embaixo da cama.
Quando a mamãe Sofia perguntou o que estava acontecendo, Lico inventou outra história. “A Ana me bateu, mamãe! Ela está muito brava comigo!”, choramingou Lico, fingindo estar magoado.
A mamãe Sofia ficou preocupada e repreendeu Ana, que tentou se defender, mas não conseguiu convencer a mãe. Lico se sentiu novamente culpado, mas se alegrou por ter conseguido o que queria: a atenção da mamãe Sofia.
Com o passar dos dias, as mentiras de Lico foram se tornando cada vez mais frequentes. Ele mentia para conseguir mais comida, para evitar passeios chatos e para se livrar de responsabilidades. Seus pais e Ana começaram a desconfiar dele, mas Lico sempre conseguia inventar desculpas convincentes.
Um dia, a família decidiu fazer um piquenique no parque. Lico ficou muito animado, pois adorava correr e brincar ao ar livre. Mas, enquanto preparavam as coisas, a mamãe Sofia pediu para Lico guardar os brinquedos de Ana na cesta.
Lico não queria fazer isso, pois preferia brincar com sua bolinha. Então, ele inventou uma desculpa. “Eu estou com muita dor de barriga, mamãe! Não consigo me mexer!”, mentiu Lico, colocando a mão na barriga e fazendo uma cara de sofrimento.
A mamãe Sofia ficou preocupada e pediu para Lico deitar no sofá. Ela chamou o papai Pedro e contou o que estava acontecendo. O papai Pedro examinou Lico e percebeu que ele estava fingindo.
“Lico, meu filho, eu sei que você está mentindo”, disse o papai Pedro, com um tom sério. “Eu sei que você não está doente. Por que você está fazendo isso?”
Lico ficou sem palavras. Ele nunca havia sido confrontado dessa forma antes. As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.
“Eu… eu não queria guardar os brinquedos”, confessou Lico, com a voz embargada. “Eu queria brincar com a minha bolinha.”
O papai Pedro se sentou ao lado de Lico e o abraçou. “Lico, mentir nunca é a solução. Mentir machuca as pessoas que amamos e nos faz sentir culpados. É muito melhor ser honesto e dizer a verdade, mesmo que isso signifique enfrentar as consequências.”
Lico ouviu atentamente as palavras do pai. Ele percebeu o quanto suas mentiras haviam machucado sua família e o quanto ele havia se sentido mal por causa disso.
“Eu sinto muito, papai”, disse Lico, chorando. “Eu prometo que nunca mais vou mentir.”
O papai Pedro sorriu e o abraçou forte. “Eu acredito em você, Lico. Mas você precisa se esforçar para cumprir essa promessa. É difícil mudar um hábito, mas com determinação e honestidade, você consegue.”
Lico levantou-se do sofá e foi guardar os brinquedos de Ana na cesta. Ele se sentiu aliviado por ter contado a verdade e por ter recebido o perdão de seus pais.
No piquenique, Lico se divertiu muito com sua família. Ele brincou com Ana, correu atrás da bolinha e recebeu muitos carinhos. Ele aprendeu que a honestidade era muito mais gratificante do que a mentira.
A partir daquele dia, Lico se esforçou para ser sempre honesto e sincero. Ele aprendeu que a confiança é um presente valioso e que a verdade é sempre o melhor caminho. E, mesmo que às vezes fosse difícil dizer a verdade, ele sabia que sua família o amaria e o apoiaria, não importava o que acontecesse. Lico, o cachorrinho que antes contava mentiras, se tornou um exemplo de honestidade e integridade, provando que todos podem mudar e aprender com seus erros. E, o mais importante, ele aprendeu que o amor e a confiança de sua família eram os tesouros mais valiosos que ele poderia ter.
