
Era uma vez, em uma terra distante chamada Uz, um homem bom e justo chamado Jó. Jó era um homem muito rico, com muitos animais, terras e servos. Mas, acima de tudo, Jó era um homem que amava a Deus e sempre fazia o que era certo. Ele era bondoso com os pobres, ajudava os necessitados e orava a Deus todos os dias.
Deus amava Jó e se orgulhava dele. Mas, lá no céu, havia também um anjo rebelde, chamado Satanás, que não gostava de ver a bondade de Jó. Satanás achava que Jó só amava a Deus por causa das coisas boas que tinha. Ele disse a Deus: “Se você tirar tudo o que Jó tem, ele deixará de te amar e te amaldiçoará”.
Deus, que confiava em Jó, permitiu que Satanás o testasse. Mas Deus impôs um limite: Satanás podia tirar tudo de Jó, menos a sua vida.
Assim, um dia, enquanto os filhos e filhas de Jó estavam reunidos celebrando, um mensageiro chegou correndo com más notícias. Ele disse: “Os sabeus atacaram seus bois e jumentos e mataram todos os seus servos! Eu fui o único que escapou para contar a história.”
Antes que Jó pudesse sequer assimilar a notícia, outro mensageiro chegou, ofegante, e disse: “Fogo do céu caiu e queimou todas as suas ovelhas e os seus pastores! Eu fui o único que escapou para contar a história.”
Ainda chocado com as perdas, um terceiro mensageiro chegou e anunciou: “Os caldeus dividiram-se em três bandos, atacaram seus camelos e mataram todos os seus servos! Eu fui o único que escapou para contar a história.”
Por fim, o pior ainda estava por vir. Um quarto mensageiro chegou, chorando, e disse: “Seus filhos e filhas estavam todos reunidos na casa do filho mais velho, quando um vento forte atingiu a casa e a derrubou, matando todos! Eu fui o único que escapou para contar a história.”
Jó, que era um homem forte e corajoso, ficou arrasado. Ele rasgou suas vestes e raspou a cabeça em sinal de luto. Mas, apesar de toda a sua dor, ele não amaldiçoou a Deus. Pelo contrário, ele se prostrou no chão e adorou a Deus, dizendo: “Nu saí do ventre de minha mãe, e nu partirei. O Senhor deu, o Senhor tirou; louvado seja o nome do Senhor”.
Satanás ficou furioso porque Jó não havia amaldiçoado a Deus. Ele voltou a Deus e disse: “Eu sabia! Mas deixe-me tocar no corpo de Jó, e então ele te amaldiçoará na sua face.”
Deus, confiando em Jó, permitiu que Satanás o testasse ainda mais, mas novamente impôs um limite: Satanás não poderia tirar a vida de Jó.
Então, Satanás fez com que Jó ficasse coberto de feridas dolorosas da cabeça aos pés. Jó estava sofrendo muito, mas ele ainda não amaldiçoava a Deus. Ele se sentava em um monte de cinzas, raspando as feridas com um pedaço de cerâmica.
A esposa de Jó, vendo o sofrimento do marido, ficou desesperada e disse a ele: “Ainda mantém a sua integridade? Amaldiçoe a Deus e morra!”
Mas Jó respondeu: “Você fala como uma mulher tola. Aceitamos o bem de Deus, e não aceitaremos também o mal?”
Três amigos de Jó, Elifaz, Bildade e Zofar, ouviram falar de todo o sofrimento que ele estava passando e foram visitá-lo. Quando viram Jó, mal o reconheceram, de tão magro e doente que ele estava. Eles se sentaram com ele no chão por sete dias e sete noites, sem dizer uma palavra, porque viam que o seu sofrimento era muito grande.
Finalmente, Jó quebrou o silêncio e começou a lamentar o seu destino. Ele se perguntava por que Deus permitia que ele sofresse tanto. Seus amigos, então, começaram a discutir com ele, dizendo que ele devia ter feito algo errado para merecer tanto castigo. Eles acreditavam que Deus só castigava os maus e recompensava os bons.
Jó, porém, insistia que era inocente e que não entendia por que Deus o estava castigando. Ele clamava a Deus por respostas, mas Deus parecia não ouvi-lo.
Depois de muito debate e discussão, Deus finalmente falou com Jó de um redemoinho. Deus não explicou por que Jó estava sofrendo, mas mostrou a ele o quão grandioso e poderoso Ele era, criando o universo e controlando todas as coisas. Deus perguntou a Jó: “Onde você estava quando eu lancei os fundamentos da terra? Conte-me, se é que você tem tanto entendimento!”
Jó, ouvindo a voz de Deus, se humilhou e reconheceu a sua pequenez diante da grandeza de Deus. Ele disse: “Eu sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado… Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te viram. Por isso, retiro as minhas palavras e me arrependo no pó e na cinza.”
Deus se agradou da humildade de Jó e o perdoou. Deus também repreendeu os amigos de Jó por terem falado tolamente sobre Ele. Deus disse que eles deveriam oferecer um sacrifício e que Jó oraria por eles.
Depois disso, Deus abençoou Jó ricamente. Ele restaurou tudo o que Jó havia perdido e lhe deu o dobro de tudo: o dobro de animais, o dobro de terras e o dobro de servos. Jó também teve mais sete filhos e três filhas, que eram as mulheres mais bonitas de toda a terra. Jó viveu muitos anos depois disso, em paz e felicidade, e continuou a amar a Deus e a fazer o bem.
A história de Jó nos ensina que, mesmo quando passamos por momentos difíceis e não entendemos o porquê, devemos continuar confiando em Deus e sendo fiéis a Ele. Deus pode permitir que passemos por provações, mas Ele nunca nos abandona. E, no final, Ele sempre nos abençoa e nos recompensa pela nossa fé e perseverança. Também nos ensina que nem sempre o sofrimento é consequência de nossos atos, mas sim um teste de fé e fidelidade. E que devemos ser humildes e reconhecer a grandeza de Deus, mesmo quando não entendemos seus caminhos.