
No reino de Florália, não existia um palácio suntuoso feito de mármore e ouro, mas sim uma vasta e encantadora fazenda, repleta de campos verdejantes, animais falantes e um céu azul infinito. A princesa desse reino peculiar era Margarida, não uma jovem vestida em sedas e coroas, mas uma garota de pés descalços, com um chapéu de palha desfiado e o coração cheio de sonhos.
Margarida amava sua fazenda mais do que qualquer joia ou vestido. Seus aposentos reais eram o celeiro aconchegante, onde ela conversava com a vaca Mimosa sobre os segredos do universo, e o pomar florido, onde as abelhas zumbiam canções de ninar para ela. Seu pai, o bondoso Rei Camponês, havia lhe ensinado a arar a terra, plantar sementes e cuidar dos animais com carinho.
No entanto, como toda princesa, Margarida também tinha um destino a cumprir. Em seu décimo oitavo aniversário, ela deveria escolher um príncipe para se casar e garantir a prosperidade do reino. Príncipes de todos os cantos do mundo começaram a chegar à fazenda, cada um mais pomposo e presunçoso que o outro.
O Príncipe Horácio, do reino das Montanhas Nevadas, chegou com sua carruagem puxada por cavalos brancos e se gabou de suas conquistas militares. O Príncipe Leopoldo, do reino das Ilhas Tropicais, trouxe presentes exóticos e tentou impressionar Margarida com sua riqueza. E o Príncipe Teodoro, do reino das Florestas Sombrias, declamou poemas melancólicos e tentou conquistar o coração da princesa com sua tristeza.
Margarida os ouvia com paciência, mas nenhum deles a fazia sentir como se estivesse em casa. Eles não entendiam sua paixão pela fazenda, nem se importavam com o bem-estar dos animais. Para eles, Margarida era apenas um troféu, uma forma de aumentar seu poder e riqueza.
Um dia, enquanto Margarida caminhava pelos campos de trigo, ela encontrou um jovem camponês chamado João. Ele estava sentado à sombra de uma árvore, tocando uma melodia suave em sua flauta de bambu. Margarida se sentou ao lado dele e ouviu a música com atenção.
João não sabia que Margarida era a princesa da fazenda. Ele a via apenas como uma garota gentil e curiosa, com um sorriso sincero e um olhar profundo. Eles conversaram sobre a beleza da natureza, a importância do trabalho honesto e o valor da amizade.
Margarida se sentiu à vontade com João, como se o conhecesse há muito tempo. Ele entendia seus sonhos e compartilhavam os mesmos valores. Pela primeira vez em muito tempo, Margarida se sentiu feliz e completa.
Quando João descobriu que Margarida era a princesa, ele ficou surpreso e envergonhado. Ele achava que não era digno do amor de uma princesa. Margarida, no entanto, o tranquilizou. Ela disse que o que importava era o que ele tinha no coração, não seu título ou riqueza.
No dia de seu aniversário, Margarida reuniu todos os príncipes no celeiro da fazenda. Ela subiu em um fardo de feno e fez seu anúncio.
“Eu agradeço a todos vocês por terem vindo de tão longe para me conhecer”, ela disse com voz firme. “Mas eu decidi que não me casarei com nenhum de vocês. Meu coração já pertence a outra pessoa.”
Os príncipes ficaram chocados e furiosos. Eles acusaram Margarida de ser tola e ingrata. Mas Margarida não se importou. Ela sabia que estava fazendo a coisa certa.
Margarida chamou João para perto de si e segurou sua mão. “Eu escolho me casar com João, o camponês que me ensinou a amar a simplicidade e a valorizar as coisas que realmente importam”, ela disse.
O Rei Camponês sorriu e abençoou a união dos dois jovens. Os animais da fazenda celebraram com alegria, cantando e dançando em volta deles.
E assim, Margarida e João se casaram e viveram felizes para sempre na fazenda. Eles governaram o reino com sabedoria e compaixão, cuidando da natureza e dos animais com carinho. Margarida continuou a usar seu chapéu de palha e a andar descalça pela fazenda, lembrando a todos que a verdadeira realeza não está no sangue, mas no coração.
E a fazenda se tornou um lugar ainda mais mágico e encantador, um reino onde o amor, a amizade e a natureza reinavam supremos. A princesa da fazenda havia encontrado seu príncipe, não em um palácio distante, mas no coração de sua própria terra.