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O Doende do Jardim

Historinha O Doende do Jardim

No coração de um jardim secreto, onde as rosas trepadeiras sussurravam segredos ao vento e os girassóis estendiam seus rostos dourados para o sol, vivia um doende chamado Pip. Pip não era como os outros doendes. Enquanto a maioria dos doendes passava os dias cuidando das plantas, protegendo as flores dos caracóis famintos e guiando as abelhas para as melhores flores, Pip preferia colecionar pedras brilhantes e construir pequenas cabanas de gravetos.

Os outros doendes zombavam de Pip. “Para que servem essas pedras, Pip?”, perguntava Dália, a doende mais responsável do jardim. “Elas não ajudam as rosas a florescer!” “E essas cabanas de gravetos?”, zombava Cipreste, o doende mais forte. “Elas não espantam os coelhos!”

Pip ficava triste com os comentários. Ele amava o jardim tanto quanto os outros doendes, mas simplesmente não entendia por que todos precisavam fazer a mesma coisa. Ele achava que o jardim era um lugar para ser apreciado, para ser criativo e para se divertir.

Um dia, uma grande seca atingiu o jardim. O sol batia forte, as plantas começaram a murchar e as flores perderam a cor. Os doendes estavam desesperados. Eles cavaram poços, carregaram baldes de água e tentaram proteger as plantas do sol, mas nada parecia funcionar.

Dália, normalmente tão confiante, estava chorando. “O que vamos fazer?”, ela soluçava. “O jardim vai morrer!”

Cipreste, com toda a sua força, parecia impotente. “Não há nada que possamos fazer”, ele disse, com a voz embargada.

Pip, que estava escondido em sua cabana de gravetos, ouviu a conversa. Ele sabia que precisava fazer alguma coisa. Ele saiu de sua cabana e caminhou até os outros doendes.

“Eu tenho uma ideia”, disse Pip, com a voz tremendo um pouco.

Os outros doendes olharam para ele com desconfiança. “Você? Uma ideia?”, zombou Dália. “O que você pode fazer que nós não conseguimos?”

“Eu sei como coletar a água do orvalho”, disse Pip. “Eu posso usar minhas pedras brilhantes para refletir a luz do sol e aquecer o orvalho da manhã e, com o calor, formar gotículas maiores de água que podemos usar para irrigar as plantas mais sensíveis.”

Os doendes estavam céticos, mas não tinham nada a perder. Eles seguiram Pip até a parte mais ensolarada do jardim, onde ele começou a organizar suas pedras brilhantes em um padrão intrincado.

Ao amanhecer, o orvalho cobria as pedras, e a luz do sol refletia nelas, criando um efeito mágico. As gotículas de orvalho começaram a se formar, ficando maiores e mais pesadas a cada minuto.

Pip usou pequenas folhas para coletar as gotículas e as entregou aos outros doendes. Juntos, eles irrigaram as plantas mais necessitadas.

Para a surpresa de todos, as plantas começaram a se revigorar. As rosas recuperaram a cor, os girassóis levantaram seus rostos e o jardim começou a respirar novamente.

Os outros doendes ficaram maravilhados com a engenhosidade de Pip. “Você salvou o jardim!”, exclamou Dália, com os olhos cheios de admiração.

“Nós estávamos tão focados em fazer as coisas da maneira que sempre fizemos que não percebemos que havia outras soluções”, disse Cipreste, envergonhado.

A partir daquele dia, os doendes nunca mais zombaram de Pip. Eles perceberam que a criatividade e a individualidade eram tão importantes quanto o trabalho duro e a tradição. Eles também entenderam que todos têm algo especial para oferecer, mesmo que seja apenas uma coleção de pedras brilhantes.

Pip se tornou um herói no jardim. Ele continuou a colecionar pedras e a construir cabanas de gravetos, mas agora os outros doendes o ajudavam. Eles usavam as cabanas para proteger as plantas do sol forte e as pedras brilhantes para decorar o jardim e atrair as abelhas.

O jardim se tornou mais belo e próspero do que nunca. E tudo graças a um doende que pensava diferente e que acreditava no poder da criatividade.

Pip aprendeu que ser diferente não é algo ruim. Ele aprendeu que todos têm talentos únicos e que esses talentos podem ser usados para tornar o mundo um lugar melhor. Ele aprendeu que a amizade, o respeito e a aceitação são as chaves para um jardim feliz e para uma vida feliz.

E assim, o Doende do Jardim, o doende que colecionava pedras brilhantes e construía cabanas de gravetos, se tornou uma lenda, um lembrete constante de que a verdadeira beleza está na diversidade e que a criatividade é a chave para superar qualquer desafio. E, acima de tudo, que a aceitação e a valorização das diferenças são os ingredientes essenciais para um jardim próspero e uma comunidade feliz.

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historinha

Criador de historia infantil, adoro criar historinhas e também sou uma amante da literatura. Editor e fundador do Historia para dormir.

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