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O Menino que Guardava Silêncios

Historinha O Menino que Guardava Silêncios

Era uma vez, em uma cidade barulhenta e colorida, um menino chamado Nico. Nico era um garoto observador e quieto, que amava desenhar em seu caderno e colecionar conchas na praia. Mas Nico tinha um segredo: ele percebia coisas que ninguém mais parecia notar. Ele percebia, por exemplo, que as pessoas falavam muito, mas escutavam pouco.

Na escola, as crianças gritavam para serem ouvidas, interrompendo umas às outras e competindo para contar a história mais engraçada. Em casa, seus pais falavam ao telefone enquanto jantavam, respondendo “aham” e “claro” sem realmente prestar atenção no que ele dizia. Na rua, as buzinas dos carros, os vendedores ambulantes e as conversas animadas se misturavam em um cacofonia ensurdecedora.

Nico se sentia sobrecarregado com tanto barulho. Ele ansiava por um pouco de paz, um pouco de silêncio, um pouco de atenção. Um dia, enquanto explorava o sótão empoeirado de sua avó, Nico encontrou uma caixinha de madeira antiga, com entalhes delicados e um fecho de metal enferrujado. Curioso, ele abriu a caixa. Para sua surpresa, a caixa estava vazia.

Mas Nico sentiu algo diferente. Ele sentiu uma calma profunda e inexplicável emanando da caixa. Ele a fechou e abriu novamente, e a mesma sensação o envolveu. Nico percebeu que aquela caixinha era mágica. Ela tinha o poder de guardar silêncios.

A princípio, Nico não sabia o que fazer com a caixinha. Ele a guardou no bolso e continuou com sua vida, sentindo-se um pouco mais calmo e protegido. Mas logo, ele percebeu que a caixinha podia fazer mais do que apenas acalmá-lo.

Um dia, na escola, duas amigas de Nico, Lia e Sofia, estavam discutindo feio. Elas gritavam e choravam, acusando uma à outra de terem pego um lápis de cor emprestado e não devolvido. Nico se aproximou delas, abriu a caixinha e sussurrou: “Silêncio, por favor”.

De repente, o barulho da sala pareceu diminuir. Lia e Sofia pararam de gritar e olharam para Nico com curiosidade. Ele estendeu a caixinha para elas, e elas a observaram em silêncio. Aos poucos, a raiva e a frustração começaram a se dissipar. Elas respiraram fundo e começaram a conversar calmamente, explicando seus pontos de vista e tentando entender uma à outra. No final, elas perceberam que o lápis de cor havia caído no chão, e que nenhuma das duas era culpada. Elas se abraçaram e pediram desculpas, sentindo-se aliviadas e felizes.

Nico percebeu o poder da caixinha. Ela não apenas guardava silêncios, mas também ajudava as pessoas a se acalmarem, a se ouvirem e a se entenderem. Ele decidiu usar a caixinha para espalhar silêncio e paz pela cidade.

Ele começou a levar a caixinha para a escola todos os dias. Quando via alguém discutindo, chorando ou se sentindo frustrado, ele abria a caixinha e espalhava silêncio. As pessoas se acalmavam, respiravam fundo e conseguiam resolver seus problemas com mais facilidade.

Nico também levava a caixinha para casa. Ele a abria durante o jantar, quando seus pais estavam falando ao telefone, e eles, de repente, percebiam que precisavam desligar e prestar atenção em seu filho. Eles começavam a conversar com Nico sobre seus desenhos, sobre suas conchas e sobre seus sentimentos. Aos poucos, a família de Nico se tornou mais unida e conectada.

Nico espalhou silêncio por toda a cidade. Ele ia aos parques, aos mercados, às bibliotecas, abrindo a caixinha e permitindo que as pessoas se desconectassem do barulho e se conectassem umas com as outras. Ele ensinou as pessoas a respirarem fundo, a observarem a natureza e a apreciarem os momentos de silêncio.

A cidade se transformou. As pessoas começaram a falar mais baixo, a ouvir com mais atenção e a resolver seus problemas com mais calma e paciência. As crianças brincavam sem gritar, os pais prestavam atenção em seus filhos e os vizinhos conversavam amigavelmente. A cidade, antes barulhenta e caótica, se tornou um lugar mais calmo, mais pacífico e mais feliz.

Nico, o menino que guardava silêncios, se tornou um herói. Ele ensinou a todos a importância da escuta, da paciência e da calma. Ele mostrou que, às vezes, a melhor maneira de ser ouvido é fazer silêncio. E que o verdadeiro poder não está em falar mais alto, mas em ouvir com o coração.

E assim, a cidade barulhenta se transformou em um lugar de paz, onde o silêncio era valorizado, a escuta era apreciada e a calma era a chave para a felicidade. E tudo graças a um menino que percebeu que o maior tesouro do mundo não estava em falar, mas em ouvir. E que uma pequena caixinha mágica podia mudar o mundo, um silêncio de cada vez.

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Criador de historia infantil, adoro criar historinhas e também sou uma amante da literatura. Editor e fundador do Historia para dormir.

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