Aventura

O Menino Que Voa

Historinha O Menino Que Voa

No coração de uma pequena vila aninhada entre montanhas imponentes e um vale verdejante, vivia um menino chamado Ícaro. Ícaro não era como os outros meninos da vila. Enquanto seus amigos se divertiam jogando bola, pescando no rio ou correndo pelos campos, Ícaro passava horas observando o céu, fascinado pelas aves que o cruzavam. Ele sonhava em voar, em sentir o vento em seus cabelos e em planar livremente como uma águia.

Ícaro tinha uma imaginação fértil e uma curiosidade insaciável. Ele acreditava que, com engenhosidade e determinação, tudo era possível. Passava tardes inteiras trancado no sótão de sua casa, um espaço empoeirado e cheio de quinquilharias antigas, onde construía engenhocas estranhas e maravilhosas. Ele usava pedaços de madeira, tecidos coloridos, penas de aves e todo tipo de sucata que encontrava para criar asas que, ele esperava, o levariam aos céus.

Os moradores da vila o consideravam um excêntrico, um sonhador perdido em suas fantasias. Zombavam de suas invenções e o chamavam de “o menino voador”, um apelido que carregava tanto escárnio quanto admiração. Mas Ícaro não se importava com o que diziam. Ele estava determinado a provar que era possível voar, que os sonhos, por mais impossíveis que parecessem, podiam se tornar realidade.

Um dia, Ícaro encontrou um livro antigo no sótão, um tomo empoeirado e amarelado com páginas repletas de desenhos e anotações. O livro falava sobre a aerodinâmica, a força do vento e os princípios do voo. Ícaro devorou cada página, absorvendo o conhecimento como uma esponja. Ele aprendeu sobre as diferentes formas de asas, a importância do equilíbrio e a necessidade de um material leve e resistente.

Inspirado pelo livro, Ícaro começou a trabalhar em um novo par de asas, um projeto ambicioso que consumiu todas as suas energias. Ele usou madeira leve de balsa para a estrutura, tecido de seda resistente para as membranas e penas de ganso para as extremidades, criando uma superfície aerodinâmica e flexível. Ele trabalhou incansavelmente, dia e noite, aperfeiçoando cada detalhe, ajustando cada ângulo, testando cada junção.

Finalmente, após meses de trabalho árduo, as asas estavam prontas. Eram belíssimas, com uma envergadura impressionante e uma leveza que parecia desafiar a gravidade. Ícaro vestiu as asas, prendendo-as firmemente aos seus braços com tiras de couro. Ele se sentia nervoso, mas também exultante. Aquele era o momento da verdade, o teste final de seu sonho.

Ícaro subiu até o topo da montanha mais alta da vila, um pico rochoso que oferecia uma vista panorâmica do vale. O vento soprava forte, agitando as asas e enchendo-o de esperança. Ele respirou fundo, fechou os olhos e imaginou-se voando livremente, como uma águia.

Com um grito de alegria, Ícaro saltou da montanha. Por um momento, ele sentiu o pavor da queda, a vertigem do abismo. Mas, então, as asas responderam. Elas se abriram, capturando o vento e impulsionando-o para cima. Ícaro sentiu uma onda de euforia percorrer seu corpo. Ele estava voando!

Ícaro voou sobre a vila, sobre os campos floridos, sobre o rio cintilante. Os moradores, ao vê-lo, ficaram boquiabertos de espanto. Seus rostos, antes cheios de escárnio, agora exibiam admiração e respeito. O “menino voador” havia provado que eles estavam errados, que os sonhos podiam se tornar realidade.

Ícaro voou cada vez mais alto, deslumbrado com a beleza do mundo visto de cima. Ele se sentia livre, leve e realizado. Mas, à medida que subia, aproximava-se do sol, um astro incandescente que irradiava um calor intenso.

De repente, Ícaro sentiu um calor forte em suas asas. Ele olhou para cima e viu que a cera que unia as penas estava começando a derreter. O sol, com sua força implacável, estava destruindo sua criação.

Ícaro percebeu o perigo. Ele precisava descer, afastar-se do calor do sol. Mas já era tarde demais. A cera se desfez completamente e as penas começaram a se soltar, uma a uma. As asas perderam sua sustentação e Ícaro começou a cair.

Ele caiu em direção ao vale, desesperado e aterrorizado. Mas, mesmo em seus últimos momentos, não se arrependia de ter voado. Ele havia experimentado a liberdade, a alegria e a realização de um sonho.

Ícaro caiu no rio, desaparecendo nas águas turbulentas. Os moradores da vila correram para resgatá-lo, mas já era tarde demais. O “menino voador” havia realizado seu sonho, mas a um preço alto demais.

A vila nunca mais foi a mesma. A morte de Ícaro serviu de lição para todos. Eles aprenderam que os sonhos são importantes, mas que a prudência e o respeito pelos limites são essenciais. E, todas as vezes que olhavam para o céu, lembravam-se de Ícaro, o menino voador que ousou sonhar e que, mesmo em sua queda, deixou uma marca indelével em seus corações.

A história de Ícaro se tornou uma lenda, uma história de coragem, ambição e os perigos de se aproximar demais do sol. Uma história que ecoa através dos tempos, lembrando-nos da importância de perseguir nossos sonhos, mas também da necessidade de manter os pés no chão.

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Criador de historia infantil, adoro criar historinhas e também sou uma amante da literatura.

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