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O Mistério do Galo Sem Canto

Historinha O Mistério do Galo Sem Canto

Na Fazenda Cantagalo, vivia um galo chamado Rufino, famoso por seu cocoricó matinal. Todo santo dia, antes mesmo do sol despontar, Rufino estufava o peito, abria o bico e soltava um “COCÓ-RI-CÓ!” tão alto e claro que acordava toda a fazenda. As vacas mugiam, os porcos grunhiam, as ovelhas berravam e os cavalos relinchavam em resposta, prontos para mais um dia de trabalho.

Mas eis que, em uma certa manhã, o silêncio reinou. O sol nasceu, tingindo o céu de laranja e rosa, mas nenhum cocoricó ecoou pela fazenda. Os animais, acostumados ao chamado matinal de Rufino, começaram a ficar preocupados.

A primeira a notar a ausência do galo foi Mimosa, a vaca leiteira. “Estranho”, ela murmurou, mastigando sua grama. “Rufino nunca se atrasa.”

Curiosa, Mimosa foi até o galinheiro e encontrou Rufino sentado em seu poleiro, com uma expressão abatida. “Rufino, o que aconteceu?”, perguntou Mimosa. “Por que você não cantou hoje?”

Rufino abriu o bico, tentou cantar, mas nenhum som saiu. Ele apenas tossiu fracamente.

“Oh, não!”, exclamou Mimosa. “Você perdeu a voz! Quem vai acordar a fazenda agora?”

A notícia se espalhou como fogo em palha. Os animais da Fazenda Cantagalo entraram em pânico. Sem o cocoricó de Rufino, como saberiam quando começar o dia?

“Precisamos fazer alguma coisa!”, declarou Bolota, o porco gordinho, com um grunhido preocupado. “Alguém precisa substituir Rufino.”

“Eu posso tentar!”, ofereceu-se Relâmpago, o cavalo veloz. “Eu posso correr pelo campo relinchando bem alto.”

Relâmpago correu pelo campo, relinchando com toda a força, mas seu relincho era fino e agudo, nada parecido com o poderoso cocoricó de Rufino. Em vez de acordar os animais, ele apenas assustou os pássaros que dormiam nas árvores.

“Não funcionou”, disse Relâmpago, ofegante. “Meu relincho não é forte o suficiente.”

“Deixe comigo!”, disse Belinha, a ovelha fofa. “Eu posso berrar bem alto para acordar todo mundo.”

Belinha berrou com toda a sua força, mas seu berro era suave e abafado, como um sussurro no vento. Em vez de acordar os animais, ela apenas fez com que as flores no jardim se inclinassem em sua direção.

“Também não funcionou”, disse Belinha, desanimada. “Meu berro não é alto o suficiente.”

“Que tal eu?”, perguntou Bicudo, o pato tagarela. “Eu posso grasnar bem alto e acordar a fazenda.”

Bicudo grasnou com toda a sua força, mas seu grasnido era estridente e irritante, como um sino desafinado. Em vez de acordar os animais, ele apenas fez com que o Gato Soneca, que dormia no celeiro, se encolhesse e cobrisse as orelhas com as patas.

“Definitivamente não funcionou”, disse Bicudo, envergonhado. “Meu grasnido é muito irritante.”

Mimosa, desesperada, teve uma ideia. “Eu posso tocar meu sino!”, exclamou ela. “O sino da fazenda sempre acorda todo mundo para o jantar.”

Mimosa correu até o sino da fazenda e começou a tocá-lo com toda a sua força. O sino soou alto e claro, mas em vez de acordar os animais, ele apenas fez com que Dona Gertrudes, a fazendeira, saísse correndo de casa, preocupada.

“O que está acontecendo?”, perguntou Dona Gertrudes, franzindo a testa. “Por que vocês estão tocando o sino tão cedo?”

Os animais explicaram a situação para Dona Gertrudes, contando sobre a perda da voz de Rufino e suas tentativas fracassadas de substituí-lo.

Dona Gertrudes ouviu atentamente e sorriu. “Vocês são muito engraçados”, disse ela. “Mas vocês não precisam se preocupar. Eu sei o que está acontecendo.”

Dona Gertrudes foi até o galinheiro e examinou Rufino. “Ele está apenas cansado”, disse ela. “Até os galos precisam de um dia de folga.”

Dona Gertrudes pegou um punhado de grãos frescos e os ofereceu a Rufino. “Descanse, meu amigo”, disse ela. “Amanhã você estará melhor.”

Rufino comeu os grãos e aninhou-se em seu poleiro, aliviado.

Dona Gertrudes voltou para os outros animais. “Hoje, vamos ter um dia de descanso”, anunciou ela. “Sem trabalho, sem obrigações. Apenas relaxamento e diversão.”

Os animais vibraram de alegria. Eles passaram o dia brincando, descansando e comendo petiscos deliciosos. Mimosa pastou na grama fresca, Bolota rolou na lama, Relâmpago correu pelo campo, Belinha comeu flores e Bicudo nadou no lago.

Na manhã seguinte, quando o sol nasceu, um cocoricó alto e claro ecoou pela Fazenda Cantagalo. Era Rufino, de volta à sua forma!

“COCÓ-RI-CÓ!”, cantou Rufino com toda a sua força. “Bom dia, Fazenda Cantagalo!”

Os animais vibraram de alegria e responderam ao chamado de Rufino, prontos para mais um dia de trabalho.

E assim, a Fazenda Cantagalo voltou ao normal, mas com uma nova apreciação pelo trabalho duro de Rufino e pela importância de um bom dia de descanso. E Rufino, o galo que perdeu a voz, aprendeu que até os heróis precisam de um tempo para si, e que seus amigos estariam sempre lá para apoiá-lo, mesmo que suas tentativas de ajudar fossem um tanto… inusitadas. A partir daquele dia, Dona Gertrudes decretou que todo último domingo do mês seria o “Dia do Descanso Animal” na Fazenda Cantagalo, garantindo que todos, incluindo o galo mais madrugador, tivessem a chance de recarregar as energias e sonhar com biscoitos de milho e minhocas gigantes.

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historinha

Criador de historia infantil, adoro criar historinhas e também sou uma amante da literatura. Editor e fundador do Historia para dormir.

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