
Era uma vez, em um reino de montanhas escarpadas e vales verdejantes, um pequeno dragão chamado Fúria. Contrariando seu nome imponente, Fúria era um dragãozinho adorável, coberto de escamas verde-esmeralda brilhantes e olhos dourados curiosos. No entanto, Fúria tinha um problema: ele era terrivelmente propenso a acessos de raiva.
Qualquer pequena contrariedade – um brinquedo quebrado, uma refeição não do seu agrado, um amigo que não queria brincar – era o suficiente para desencadear uma explosão de fogo e fumaça. Suas pequenas narinas soltavam vapor quente, seus olhos brilhavam em vermelho e um rosnado agudo e estridente ecoava pelas montanhas.
A mamãe dragão de Fúria, Esmeralda, era uma criatura sábia e paciente. Ela entendia que as emoções de Fúria eram poderosas, como o fogo que ele cuspia, mas precisavam ser controladas e direcionadas. “Meu querido Fúria”, ela dizia gentilmente após cada explosão, “a raiva é como um vulcão. Se você não a controlar, ela pode destruir tudo ao seu redor, incluindo você mesmo.”
Um dia, o rei do reino, um homem bondoso chamado Artur, anunciou um concurso de talentos. O prêmio era uma gema mágica que, dizia a lenda, trazia felicidade eterna a quem a possuísse. Fúria, apesar de seus problemas de raiva, sonhava em participar. Ele imaginava voar pelo céu, executando acrobacias incríveis e mostrando suas habilidades de cuspir fogo.
Esmeralda apoiou a ambição de Fúria, mas o alertou: “Você só poderá participar se aprender a controlar sua raiva. A gema da felicidade não pode ser conquistada com fúria, mas com gentileza e autocontrole.”
Fúria aceitou o desafio. Ele sabia que precisava mudar se quisesse realizar seu sonho. Esmeralda começou a ensiná-lo técnicas para controlar sua raiva. A primeira era a “Respiração do Dragão Calmo”. Quando sentisse a raiva crescendo, Fúria deveria parar, respirar fundo pelo nariz, segurar a respiração por alguns segundos e soltar lentamente pela boca, imaginando que estava liberando a fumaça da raiva.
A segunda técnica era o “Pensamento Feliz”. Esmeralda o incentivou a pensar em coisas que o faziam feliz – voar entre as nuvens, brincar com seus amigos dragões, saborear um delicioso bolo de lava – para afastar os pensamentos irritados.
A terceira técnica era o “Passeio da Reflexão”. Quando a raiva o dominasse, Fúria deveria fazer uma caminhada sozinho, refletindo sobre o que o havia provocado e tentando encontrar uma solução pacífica.
No início, foi difícil para Fúria. Os acessos de raiva ainda aconteciam, mas ele se esforçava para usar as técnicas que Esmeralda havia lhe ensinado. Algumas vezes, ele conseguia se acalmar antes de explodir em chamas, outras vezes, o fogo já estava cuspindo antes que ele pudesse se controlar.
Seus amigos dragões, percebendo seu esforço, começaram a ajudá-lo. Quando Fúria começava a se irritar, eles o lembravam de respirar, contar até dez ou pensar em coisas engraçadas.
Finalmente, chegou o dia do concurso de talentos. Fúria estava nervoso, mas determinado. Ele havia treinado suas acrobacias e dominado um novo truque de cuspir fogo que criava belos desenhos no céu.
Quando chegou sua vez, Fúria voou para o palco com confiança. A multidão aplaudiu, impressionada com sua presença majestosa. Ele começou sua apresentação, voando em círculos, mergulhando e subindo em espirais. Tudo estava indo perfeitamente até que… um pequeno dragão, invejoso do talento de Fúria, o provocou, chamando-o de “Dragão Furioso” e dizendo que ele nunca ganharia.
A raiva começou a crescer dentro de Fúria. Ele sentiu o calor subindo em seu peito, seus olhos começaram a brilhar em vermelho. Mas então, ele se lembrou dos ensinamentos de Esmeralda. Ele parou, respirou fundo pelo nariz e soltou lentamente pela boca. Ele pensou em voar entre as nuvens e sentiu a calma retornar.
Com um sorriso no rosto, Fúria ignorou a provocação e continuou sua apresentação. Ele executou seu truque especial de cuspir fogo, criando um desenho deslumbrante de um coração no céu. A multidão ficou maravilhada e aplaudiu de pé.
No final do concurso, o rei Artur anunciou o vencedor: Fúria! Não apenas por suas habilidades impressionantes, mas por sua coragem em controlar sua raiva e mostrar gentileza diante da provocação.
Fúria recebeu a gema da felicidade e, ao invés de guardá-la para si, ele a compartilhou com todos os habitantes do reino. Ele percebeu que a verdadeira felicidade não estava em possuir uma gema mágica, mas em compartilhar amor, gentileza e autocontrole com os outros.
A partir daquele dia, Fúria não era mais conhecido como o “Pequeno Dragão Furioso”, mas como o “Dragão Gentil”, um exemplo para todos de que mesmo as emoções mais poderosas podem ser controladas e direcionadas para o bem. E assim, Fúria viveu feliz para sempre, espalhando alegria e inspirando a todos a controlarem suas emoções e a buscarem a felicidade dentro de si mesmos.