
Na pequena Vila das Estrelas Cadentes, aninhada entre colinas verdejantes e um rio cintilante, morava uma menina chamada Clara. Clara amava a noite mais do que qualquer outra coisa. Ela adorava ver o céu escurecer lentamente, as primeiras estrelas tímidas piscando, e a lua cheia surgindo majestosa. Mas, apesar de todo esse amor, Clara tinha um segredo: ela tinha um pouco de medo de dormir sozinha.
Todas as noites, depois de um dia cheio de brincadeiras com seus amigos, correr pelos campos floridos e colher amoras silvestres, Clara se sentia um pouco ansiosa quando a hora de dormir se aproximava. Ela imaginava sombras dançando nas paredes do seu quarto, sussurros misteriosos vindos do jardim, e a escuridão parecia se esticar e abraçá-la com braços invisíveis.
Sua avó, Vovó Rosa, uma senhora de cabelos brancos como a neve e um sorriso caloroso como o sol da manhã, percebia a apreensão de Clara. Vovó Rosa tinha uma sabedoria que parecia vir das estrelas, e ela sempre sabia o que dizer para acalmar o coração de Clara.
Uma noite, enquanto Clara se preparava para dormir, Vovó Rosa entrou no quarto com uma lamparina a óleo, que espalhava uma luz suave e dourada pelo cômodo. Ela se sentou na beira da cama de Clara e pegou sua mãozinha.
“Clarinha,” disse Vovó Rosa, com sua voz suave como um carinho, “por que você está tão quietinha hoje?”
Clara hesitou um pouco, mas sabia que podia confiar em sua avó. “Vovó, eu tenho medo de dormir,” ela confessou, com a voz tremendo um pouco. “Eu fico imaginando coisas ruins, e a escuridão me assusta.”
Vovó Rosa sorriu gentilmente e apertou a mão de Clara. “Minha querida, a escuridão não precisa ser assustadora. Ela é apenas o véu que cobre o mundo enquanto ele descansa. E as estrelas, que você tanto ama, só podem brilhar na escuridão.”
Ela continuou: “Além disso, você nunca está realmente sozinha, Clarinha. Deus está sempre com você, cuidando de você e te protegendo. Ele é como uma luz que nunca se apaga, mesmo na noite mais escura.”
Clara olhou para sua avó com seus olhos grandes e curiosos. “Deus está comigo?” ela perguntou, querendo acreditar.
“Sempre, meu amor,” respondeu Vovó Rosa. “E Ele te ama mais do que você pode imaginar. Quer que eu te ensine uma oração para te ajudar a dormir?”
Clara assentiu com entusiasmo. Vovó Rosa então ensinou a Clara uma oração simples e linda, que se tornou a oração para dormir de Clara a partir daquela noite:
“Querido Deus, Criador das estrelas e da lua,
Obrigada por este dia, que agora chegou ao fim.
Proteja-me enquanto durmo, sob o Teu manto de amor,
Afasta todos os medos, e me envie sonhos de valor.
Que Teus anjos me guardem, a noite inteira a velar,
E que eu acorde amanhã, pronta para Te amar.
Amém.”
Juntas, Clara e Vovó Rosa repetiram a oração várias vezes, até que as palavras se tornaram familiares e reconfortantes. A cada repetição, Clara sentia um peso sendo tirado de seus ombros, e a escuridão do quarto parecia menos ameaçadora.
Depois da oração, Vovó Rosa contou a Clara uma história sobre um pequeno vagalume que tinha medo de brilhar. O vagalume pensava que ninguém ia gostar da sua luz, e que ele era muito pequeno para fazer a diferença. Mas, com a ajuda de uma coruja sábia, o vagalume aprendeu que sua luz era única e especial, e que ele podia iluminar o mundo, mesmo sendo pequeno.
A história do vagalume inspirou Clara. Ela percebeu que, assim como o vagalume, ela também tinha algo especial para oferecer ao mundo, e que não precisava ter medo da escuridão.
Vovó Rosa beijou a testa de Clara e apagou a lamparina, deixando o quarto na penumbra suave da lua. “Durma bem, meu amor,” sussurrou ela. “Deus te abençoe.”
Clara fechou os olhos e repetiu a oração em sua mente. Desta vez, as palavras não eram apenas palavras, mas sim uma conexão real com algo maior e mais poderoso do que ela. Ela sentiu uma paz profunda e uma confiança que nunca havia sentido antes.
E naquela noite, Clara dormiu profundamente e sem medo. Ela sonhou com estrelas brilhantes, anjos sorrindo e o amor infinito de Deus a envolvendo.
A partir daquela noite, Clara nunca mais teve medo de dormir sozinha. Todas as noites, ela repetia a oração que Vovó Rosa havia ensinado, e se sentia segura e amada. Ela aprendeu que a escuridão não era algo a ser temido, mas sim um momento de descanso e renovação, e que Deus estava sempre com ela, cuidando dela em todos os momentos.
E assim, Clara, a menina que amava a noite, mas tinha medo de dormir, encontrou a paz e a alegria no abraço protetor da oração e no amor eterno de Deus. E todas as noites, na pequena Vila das Estrelas Cadentes, uma pequena menina adormecia em paz, sabendo que estava segura e amada, até o amanhecer.