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Escorpião e a Tartaruga

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Na margem serena do rio, a brisa carregava o murmúrio das águas. O escorpião, impelido pelo desejo de cruzar o rio agitado, aproximou-se da tartaruga, buscando uma aliança improvável.

“Posso atravessar este rio em suas costas?”, perguntou o escorpião à tartaruga, ciente de sua incapacidade de nadar.

A resposta da tartaruga foi imediata e temerosa: “Você é louco? Se eu te levar, você vai me picar e acabarei afogada.”

O escorpião, sereno e convincente, replicou com uma lógica tortuosa: “Minha querida tartaruga, se eu te picasse, afogar-me-ia junto contigo. Qual seria o sentido em tal ação?”

A persuasão do escorpião desencadeou uma hesitação na tartaruga. Após um breve momento de reflexão, ela concordou relutantemente em transportá-lo através do rio.

“Suba”, ofereceu a tartaruga.

O escorpião, ágil em sua movimentação, ocupou o casco da tartaruga e juntos adentraram as águas tumultuadas do rio. A correnteza os arrastava, e a meio caminho, quando a confiança da tartaruga começava a se consolidar, o escorpião atacou impiedosamente, injetando seu veneno no corpo da tartaruga.

O veneno agiu rapidamente, paralisando a tartaruga, que já não possuía forças para nadar. Juntos, afundaram nas profundezas do rio, onde a vida da tartaruga esvaiu-se lentamente, levando consigo o passageiro traiçoeiro.

Indignada, mesmo em sua agonia, a tartaruga dirigiu suas últimas palavras ao escorpião: “Eu quero entender… você disse que não havia lógica em me picar. Por que…”

“Não se trata de lógica”, interrompeu o escorpião, indiferente ao sofrimento ao seu redor. “É apenas minha natureza.”

E assim, a história se encerrou, deixando nas águas do rio um dilema moral ecoando eternamente. O encontro entre a confiança e a natureza intrínseca revelou-se um trágico testemunho da inevitabilidade do instinto sobre a razão.

O rio continuou a fluir, carregando não apenas águas, mas também a história da tartaruga e do escorpião, um conto que ecoava a reflexão sobre os limites da confiança e a inescrutabilidade da natureza humana.

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